Experiências evolutivas potencializadas pelo contexto urbano do Gaia Education do Rio/Brasil
by Emmanuel Khodja
O Brasil tem sido um dos campos mais férteis para o Gaia Education se manifestar em suas mais diversas formas.
O formato original dos EDEs – cursos imersivos em ecovilas e comunidades intencionais – tem divido a cena brasileira com uma diversidade de outros formatos, como os programas extensivos em áreas urbanas, programas para jovens, para escolas e professores, junto a universidades, nas favelas, em ambiente online e outros mais.
No ano de 2016, o programa realizado no Rio de Janeiro estará na sua sétima edição e, poderíamos até afirmar, sétima versão. Isso porque, ano após ano, a equipe de coordenação do curso (realizado pela ONG e Ecovila Terra Una) vem se dedicando a um constante aprimoramento na execução do programa. Nossa intenção é investigar a adoção de metodologias e conteúdos que possam efetivamente apoiar o processo de transição de cidadãos urbanos e o desenvolvimento biorregional de áreas metropolitanas (necessidade já percebida pelo Gaia Education e corroborada pela criação do “Estuary Programme”, com a formatação do “BDE – Bioregional Design Education”).
Sabemos que a vida nas cidades nos impele a escolhas e ritmos padronizados que, para evitarmos, demandam um movimento atento e dedicado. A adoção de modelos centralizados para a solução da maioria de nossas necessidades socioeconômicas em uma grande cidade, faz com que seja mais simples “entrarmos na onda”. Assim, é comum não fazermos opções conscientes de nossos comportamentos, hábitos de consumo, ocupações diárias, rede de relacionamentos e tudo mais que envolve o cotidiano urbano.
Mas se, por um lado, as metrópoles ocidentais nos sugerem (quase que nos forçam) a um estilo de vida semiautomático e de pouca autorresponsabilidade por nossos impactos, por outro, nos oferecem a oportunidade de acesso a recursos, informações e articulações que propiciam a criação de soluções e inovações nesse mesmo âmbito.
Cientes da necessidade de alinhamento entre estudos e ações, a equipe de Terra Una tem executado um programa no Rio de janeiro que é cerca de 50% maior que o original, o que permite incorporar à programação uma gama de conteúdos e abordagens que apoiam e incentivam os participantes a redesenharem ativamente suas realidades. Nossa intenção é oferecer aos gaianos e gaianas um programa constantemente atualizado que inclua tanto as experiências de sucesso de iniciativas de todo o mundo, quanto as recentes descobertas, ferramentas e tendências que estão eclodindo nas práticas coletivas e individuais.
Para atingir isso, buscamos apresentar um panorama sistêmico e diversificado de temas, mas com a devida atenção para não criar uma abordagem superficial ou puramente informativa. Pelo contrário, a cada passo dado cuidamos de checar se a sensibilização ocorreu, entendendo que essa tem um papel precedente, para então propiciar a posterior conscientização pessoal – atitude interna e opcional de cada indivíduo. Entendemos assim que, parte da nossa função como coordenadores do Gaia Education, está associada à criação de contextos e cenários favoráveis à reflexão de futuros desejáveis que, por sua vez, permitem aos participantes identificar e trilhar suas jornadas pessoais, únicas e plurais, rumo à vivência de seus sonhos e alinhamento entre propósitos e atuações.
Como resultado percebemos que, ano após ano, as turmas do Gaia Education do Rio de Janeiro criam um continente de sinergia e segurança que favorece ao indivíduo sair de sua zona de conforto para questionar suas crenças, testar novas atuações e explorar novos limites. Sem dados quantitativos precisos, mas com uma observação qualitativa bastante sólida, nossa equipe identifica que um percentual significativo de estudantes do Gaia Education – ao longo do programa ou logo após – implementam mudanças substanciais e (r)evolucionárias nas mais diversas áreas e projetos de suas vidas.
Sem a pretensão de sermos um processo terapêutico, mas reconhecendo e honrando o potencial efeito colateral benéfico dessa jornada, temos conscientemente escolhido nutrir e favorecer também essa abordagem, que evoca o desenvolvimento dos aspectos sutis do ser humano e, ao mesmo tempo, faz brotar a sabedoria coletiva necessária ao próximo passo evolutivo de nossa civilização.
Se o futuro emergente nos mostrar que há fundamento nas teorias que sugerem a nossa espécie como o sistema nervoso de Gaia, não será uma surpresa descobrirmos que o Gaia Education é, análoga e implicitamente, um processo de aprendizagem de Gaia sobre si própria. Somos e seremos, portanto, algumas das células pioneiras que responderam ao chamado evolutivo, criando a massa crítica necessária para que a ressonância mórfica possa atuar e conduzir Gaia ao seu despertar.
Emmanuel Khodja Terra Una / Brasil
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